Por algum motivo que me ultrapassa a maioria das pessoas gosta de iniciar uma conversa comigo falando de viagens. Ok, na verdade o motivo é óbvio, tudo bem.
Mas as pessoas não contam as coisas giras das viagens, coisas que tenham aprendido, visitado, curiosidades, comidas boas, etc. Não, dão largas a um rol interminável de queixas: os problemas que tiveram com a bagagem perdida, os vómitos que a turbulência lhes deu e os séculos que demoraram a levar-lhe o maldito copo de água. Eu, impossibilidade de lhes resolver o problema, até porque viajo muito, mas ainda não faço regressos ao passado e numa demonstração máxima da minha simpatia habitual, dou-lhes o tratamento: "talk to the hand".
Fui a uma festa e alguém iniciou uma conversa comigo dessa mesma maneira: "estás no longo curso? Eu faço imensas viagens, acho que nunca te apanhei". Se eu já sou uma pessoa fácil e acessível, claro que adivinham a resposta: "Sério?! bem, que estranho, somos só DOIS MIL!"
Agora aqui vão umas dicas:
* é bom fazer perguntas que demonstrem interesse pelo que a outra pessoa faz, mas esperem para ser essa mesma pessoa a abordar o assunto;
* não, não temos viagens grátis muito menos pelo resto da vida;
* não, não ficamos semanas de férias ao mesmo tempo e no mesmo hotel que os passageiros, isso é nas companhias charter;
* não sei de cor os tempos de vôo para o mundo inteiro;
* não tenho puta de ideia sobre os preços dos bilhetes em nenhuma companhia aérea;
* nunca tive nenhum acidente, nem histórias giras para contar porque as únicas coisas giras que os passageiros fazem a bordo é: vomitar, dar puns e disseminar o cheiro a chulé. Diz que algumas passageiras também aproveitam para se começarem a prostituir em altitude, mas isso é sem o meu conhecimento.
'Tá esclarecido?