quinta-feira, 29 de maio de 2008

bloqueadores de conversa


Por algum motivo que me ultrapassa a maioria das pessoas gosta de iniciar uma conversa comigo falando de viagens. Ok, na verdade o motivo é óbvio, tudo bem.
Mas as pessoas não contam as coisas giras das viagens, coisas que tenham aprendido, visitado, curiosidades, comidas boas, etc. Não, dão largas a um rol interminável de queixas: os problemas que tiveram com a bagagem perdida, os vómitos que a turbulência lhes deu e os séculos que demoraram a levar-lhe o maldito copo de água. Eu, impossibilidade de lhes resolver o problema, até porque viajo muito, mas ainda não faço regressos ao passado e numa demonstração máxima da minha simpatia habitual, dou-lhes o tratamento: "talk to the hand". 
Fui a uma festa e alguém iniciou uma conversa comigo dessa mesma maneira: "estás no longo curso? Eu faço imensas viagens, acho que nunca te apanhei". Se eu já sou uma pessoa fácil e acessível, claro que adivinham a resposta: "Sério?! bem, que estranho, somos só DOIS MIL!"

Agora aqui vão umas dicas: 
* é bom fazer perguntas que demonstrem interesse pelo que a outra pessoa faz, mas esperem para ser essa mesma pessoa a abordar o assunto;
* não, não temos viagens grátis muito menos pelo resto da vida;
* não, não ficamos semanas de férias  ao mesmo tempo e no mesmo hotel que os passageiros, isso é nas companhias charter;
* não sei de cor os tempos de vôo para o mundo inteiro;
* não tenho puta de ideia sobre os preços dos bilhetes em nenhuma companhia aérea;
* nunca tive nenhum acidente, nem histórias giras para contar porque as únicas coisas giras que os passageiros fazem a bordo é: vomitar, dar puns e disseminar o cheiro a chulé. Diz que algumas passageiras também aproveitam para se começarem a prostituir em altitude, mas isso é sem o meu conhecimento.

'Tá esclarecido? 

quinta-feira, 15 de maio de 2008

É por isso que está preso.

O cão, chamado Smart, foi denunciado ao canil.
Não tem culpa de ter sido abandonado para dormir ao relento, à chuva, frio e ao vento, mas é ele que é perseguido.
É a coisa mais meiga e dócil, mas até para ser cão é preciso ter sorte.

analizando o post anterior

Ele tem imagem, link e até um asterístico. 
Não sei se o considere rico, excessivo ou chato de tanto trabalho que dá a ler.


Despertares




Ora portanto.
Estou na minha caminha a começar a adormecer e começo a ouvir uns latidos e uivos mesmo aqui ao pé. Viro-me para o outro lado até porque não é todos os dias que tenho o prazer de dormir nesta caminha tão fofa e feita por mim, nos meus lençóis com o cheirinho do meu detergente, etc.
Mesmo concentrada em todos estes pequenos prazeres, os uivos da criatura entram-se-me pelos tímpanos dentro. E a história repete-se já há duas noites. Na primeira foi uma boa surpresa porque estava afinal só há 36 horas sem dormir e assim pude acumular mais umas quantas.
Por algum motivo que me ultrapassa prenderam um cão abandonado* numa espécie de terreno pertencente a pessoa incógnita mesmo em baixo da minha casa. E a criatura, contente que ficou, está num despautério todo o dia. Já não bastava acordar com a outra a berrar pelo BAAAAAAAAAtman, agora isto.
E na minha cama começo a planear que no dia seguinte vou comprar uma pressão de ar e encher o rabo do cão de chumbo, assim como a tromba de quem lá o trancou. Acordo, vejo o ar infeliz da criatura e perco a coragem.
E foi assim que hoje acordei a mistura explosiva do cão a chorar, a vizinha a berrar e... a campainha a tocar. Insistentemente às 9:30 da manhã.
Não foi meu ar desgrenhado que assustou o senhor. Mas sim a expressão assassina e o grito O QUE É?! de olhos esbugalhados. 
- Peço desculpa minha senhora, mas... _diz ele recuando dois passos.
- Sabe que horas são?! Qual é a urgência?! _ avançando três passos e de mão na cintura.
- É um questionário que...
- Olhe... desapareça, SAIA JÁ DA MINHA FRENTE, esqueça que esta campainha existe e LIVRE-SE de me deixar alguma merda de questionário na caixa de correio!

E foi assim que comecei o meu dia muito mais leve.

*o Smart foi abandonado pelo dono do bar "PÉ NU" que, ao ser confrontado com o assunto, responde: se ele não volta é porque não quer. 
Apareceu aqui magro e triste e foi adoptado pelas vizinhas que se compadeceram dele. Foram feitas inúmeras tentativas de o devolver, mas é sempre repelido pelo dono. O senhor está muito mais entretido com a Pitt Bull que entretanto adquiriu. 
O Smart tem andado sempre à solta na rua, mas imagino que agora esteja preso porque gosta de correr atrás dos ciclistas e esses não acham assim tanta graça.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

saber cair

Tenho um novo desporto giro: fazer btt e, nas descidas vertiginosas dos montinhos de areia destes matagais aqui perto de casa, matar mosquitos com a testa. 
Entretanto caí, mas já não com aquele espalhafato de joelhos esfolados, dedos torcidos, boca no chão. Caí com elegância.
Assim nos faz a experiência: não é que deixemos de cair, mas aprendemos a não nos magoar tanto. 
É o que me parece, pelo menos para já.

acerca da menina