quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Um ano

baby D, by mom
Faz dia 19.
Em (menos de) um ano aquele pequeno ser duplicou o seu tamanho, triplicou o peso, aprendeu a controlar o corpo passo a passo. Primeiro as mãos para agarrar objectos, as costas e o equilíbrio para aos cinco meses se manter sentada, aos oito começar a gatinhar e, desde o passado domingo, começar a andar.
Sabe onde estão os brinquedos favoritos, sabe pedir música no computador e no ipod.
Sabe dançar.
Depois de seis meses só a mamar aprendeu a comer à colher, a mastigar mesmo sem dentes e já usa o garfo.
Teve de melhorar a comunicação, até porque eu sou péssima em reconhecer e distinguir choros e, na dúvida é logo mama na boca. Do choro passou a apontar, a usar as nossas mãos, a vocalizar sons.
E isto é só uma amostra do que um bebé de (quase) um ano evolui. É normal, é o padrão, tudo bem. Mas vocês adultos que passam a vida preocupados a perguntar se já anda, se já fala, se já tirou as fraldas, se já deixou de mamar, se já dorme a noite toda, se já tem todos os dentes, se caga todos os dias, se já..., se ainda... respirem.
E pensem: quanto é que eu evoluí e o que é que eu fiz de novo neste ano que passou?
Uma de duas coisas irá acontecer:
- foi tanta coisa que vão estar ocupados durante um tempo muito contentes com vós mesmos e largam os bebés da mão.
- reconhecem que, ao pé dos bebés, vocês são muito muito fraquinhos. E, no máximo, mudaram de penteado ou têm um emprego novo.
Ainda bem que não há padrões para adultos, não é? Se houvesse mandávamo-los à merda e fazíamos tudo às avessas só para contrariar.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Diálogos à beira do Grito com a minha mãe - I

São conversas que, pela insistência de ambas as partes em ideias opostas, ameaçam descambar numa gritaria, a menos que uma das partes desista.
Ultimamente referem-se à minha filha e portanto quem manda sou eu. O simples facto de ainda dialogar sobre isso é algo que até a mim me surpreende.

minha mãe: - Acho que devias comprar os andantes da Chicco, para a menina começar a andar.
(O tratamento por menina é algo que, desde logo, me faz descer da testa o último pingo de paciência)
eu: - Não, mãe, acho que ela anda melhor descalça. Já te disse.
mm: - Mas o pé precisa dum apoio.
eu: - Se precisasse nascíamos com ele. O pé precisa de estar à vontade, para se desenvolver.  E é muito mais confortável. Os sapatos, quando muito, protegem do frio, do piso e assim. Logo compro sapatos quando ela andar a pé na rua.
mm: - a menina sempre descalça...
eu -...
mm: - eu compro-lhos...
eu: - p-r-e-f-i-r-o 
        q-u-e 
        a-n-d-e
        d-e-s-c-a-l-ç-a
mm: ...

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Não afectados pelo clima

Os brasileiros só têm um modo: o modo carnaval.
Um aniversário é um carnaval, ir ao cinema é um carnaval, andar de avião é um carnaval. Mas no Natal eles decidiram que não dava para ser carnaval e então rodeiam-se de pinheiros artificiais, neve a fingir, gelo a fingir numa fácil e bonita alusão ao pólo norte, mas no verão e com quarenta graus à sombra. Isto com a mesma antecipação histérica e comercial do resto do mundo. 

Fico contente porque é quase tão ridículo como as nossas dançarinas de samba escanzeladas e roxas do frio aos pulos em cima de camiões de fruta numa versão portuguesa do trio eléctrico: frio, triste e descabido.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Di

Eu também não quero vir nem ficar longe de ti. Se tu ficas aos gritos quando me vês caminhar para a porta, eu também quero gritar, largar as malas e abraçar-te. Abraçar-te muito, dizer-te segredinhos parvos e ficar assim até à noite, durante a noite e até de manhã. Para sempre.
Sentir o calor do teu pescocinho, o teu hálito de bebé e de mamar, os dedinhos a enrolarem-se no meu cabelo. Isto é sempre bom, nunca é suficiente, apetece sempre mais.
Dói muito deixar-te.
Mas acredito também que te deixo com amor à tua volta, que tenho que vir e garantir-te o melhor futuro que eu puder. É um preço muito alto? É. Demasiado? Espero que não.

Amo-te mais do que algum dia pensei ser possível.

domingo, 30 de outubro de 2011

Não lamento

Se o meu telefone também serve para não atender e a minha porta de casa para não abrir.
Seja a quem for.

Acordei cedo, pus roupa a lavar, arrumei a cozinha do jantar de ontem, fomos à natação, fiz o almoço, arrumei a cozinha de novo, limpei a gaiola do canário, estendi a roupa. Acabada de sentar na cama de rede, a apanhar o pouco sol que ainda restava, a miúda acabada de adormecer ao meu colo: campaínha a tocar. Epá não.
Eram os meus pais. Azar.
Meia hora depois, de novo a campaínha insistentemente.
Deitei-a na cama, resmungou. Fui abrir a porta, de caminho apanhei o saco da natação ainda parado à porta e fui estendendo as toalhas e fatos de banho enquanto eles entravam, calçados. São os únicos que cá em casa não tiram os sapatos à entrada. Disse-lhes.
Viraram costas ofendidos.
Azar.
Bateram com a porta e acordaram a míuda.
Azar.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O orgulho dá lugar ao cinismo

Pedi dispensa de duas horas diárias durante uma semana de formação obrigatória antes de começar a trabalhar.
Escreveram-me que não, que não ia dar, que fosse tratar de comprar a bomba.
Como assim amamentar? mas o bebé não tem já nove meses?
Fazem assim tanta diferença as duas horas?
então e depois a trabalhar, como vai fazer?
tem que se desvincular do bebé o quanto antes,
nunca ninguém nos tinha posto esta questão!
a nossa profissão não está abrangida pela lei geral do trabalho,
mesmo que sejamos multados, nada vai mudar.

Entre outras pérolas foram as respostas que fui recebendo até que acabei por ter de engolir o orgulho e fazer as oito horas diárias durante dois dias, para não prolongar mais uma discussão de surdos.
Não valeu a pena dizer quem decide até quando vou amamentar sou eu e não vocês meus cabrões, porque ninguém quis ouvir e não houve CITE nem ACT que fizesse cumprir a legislação. Pelo menos em tempo útil.
E foi assim que esta empresa perdeu uma trabalhadora que vestia a camisola com orgulho, que atendia as chamadas fora de horas, que lhe defendia a honra e o bom nome.
Porque mesmo desconsolada de saudades saí para o trabalho ainda de madrugada segura que não seria tratada como um número, que alguém me daria valor e me trataria com a dignidade, reconhecendo um direito que, antes de ser meu, é da minha filha.
Enganei-me.
Não vou descurar o meu trabalho, não se preocupem senhores passageiros, o meu brio profissional prevalece. Apenas cresci e passei a ser um número. Só isso.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Nine out

Não sou a mesma.
Dizem-me.
Sinto.
Mas sou. Sou a mesma de sempre: a querer o melhor, a tentar; armada em gigante que não sou; a querer fazer tudo sozinha e no fundo do coração a preferir ter alguém. A sofrer exageradamente com as pequenas falhas; com muito medo da merda que faço, que sempre fiz, afectar agora o meu pequeno milagre.
A querer que me larguem da mão, as pessoas, foda-se, vivam a vossa vida, tive uma filha, não contraí uma dívida eterna.
Já não consigo trazer, como trazia, tanta coisa ao colo. É a única diferença que vejo.

Epá, sim, e o soutien aumentou um número. Também vejo essa.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A Diana

Adora cães, "Bo", como lhes chama. Salta para eles, deixa-se lamber e arranhar toda, mesmo quando são enormes e babosos. Estamos cheios de vontade de lhe arranjar um bo, mas eu esforço-me por racionalizar dizendo que também adora uvas e eu não vou plantar nenhuma videira.

Tem as pernas cheias de nódoas negras do muito que já gatinha para todo o lado e por cima de seja o que for que esteja atravessado no caminho.

Os dois dentinhos já fazem estragos.

Gosta de gritar.

Gosta de colo, dá beijinhos.

Tem cócegas nos pés e nas costas.

Gosta só de água do banho quentinho, na água fria do mar agarra-se ao meu pescoço com todas as forças.

sábado, 9 de julho de 2011

I´m sorry, what?


Esta onda de mulheres perfeitas que logo depois de parir  - que é como quem diz logo no primeiro ano de vida dos putos - estão em óptima forma física e mental; conseguem arranjar as unhas e ir ao cinema; fazer receitas maravilhosas e ainda escrever nos blogues como; namorar imenso os maridinhos; dedicar bom tempo à querida família que quer, precisa, exige imenso tempo com a criatura recém chegada; andar sempre com óptimo aspecto, penteadas, maquilhadas e sorridentes, começa a irritar-me.
Eu que tenho dias em que nem consigo pentear-me porque tenho gritos; um dia após descobrir que ela adora estar dentro da banheira vazia a brincar com os patinhos e assim me permite disfrutar do MEU banho, apanho-a  - com o coração a saltar-me pela boca - ainda no ar mas já de cabeça para baixo em queda livre porque "oh... o patinho caiu pro chão, vamos lá ver se me empoleiro aqui e consigo apanhá-lo"; tenho lá cabeça para dietas, assalta-me sempre uma fome descomunal; quero lá saber de vida social, o que me importa é estar na cama às nove da noite e de preferência não acordar com o batuque da merda do Pé Nu.
Caralhinho.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Para a P

Dez horas sempre foram o meu mínimo de tempo de sono para me sentir em forma, adoro não fazer nada, não tenho saco para putos aos berros, curto estar no meu canto sem grandes convívios, fiz ginástica toda a vida porque adoro e além de tudo isso nunca fui de grandes merdas lamechas.

Entretanto engravidei. Nada de especial: um panção gigante, mamas XXXL, tudo bem.
Depois nasceu a Diana.

E é o Amor.
É de outro mundo, de uma dimensão à parte.
Os meus pais preocupadíssimos porque não desgrudamos uma da outra, porque não a deixo lá em casa "para ir a algum lado".
Não quero ir a lado nenhum sem ela.
Gosto que ela me acorde de noite para mamar. Tenho saudades dela se não o faz.
Estou sempre a dar-lhe beijinhos naquelas bochechas, nos pés, no corpo todo. Não sei se algum dia passará esta fase de lamber a cria.
Todos os dias fico surpreendida nem que seja só com um olhar.
Sinto uma adrenalina imensa de saber que este ser humano nasceu de mim e que se alimenta de mim.
Aprendi a cozinhar.
O meu corpo, céus, tão diferente... Mas sou grata pelo parto que tive, pelas mamas a funcionarem bem, pela cabeça fria de que já precisei e pela resistência.
Hoje estou com 38º de febre por causa duma mastite e continuo feliz, porque ela está bem, saudável. E a dormir.
Tenho sempre medo, que é uma forma de estar mais alerta, mais consciente, mais responsável.
Sou assim no (neste) amor, obcecada, intensa, dedicada até à última gota de sangue.

Nada da tua vida fica igual, conheces limites e emoções diferentes de tudo o que viveste até aqui.

Nem toda a gente quer isso, está para aí virada. São opções.
Mas se queres P, força, força e sem medos. ;)

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Quase cinco meses

Descubro na alegria da cara dela quando me vê mesmo que tenha saído só há cinco segundos ou no conforto que lhe dá o meu colo que foi ela que me tornou mãe.

terça-feira, 22 de março de 2011

Amamentar

Dedico este post a todas as mulheres que descobrem na decisão de amamentar os filhos uma luta - mais uma - contra preconceitos, invejas, ciúmes, incompreensão, ignorância, horários, tabelas de percentis, regresso ao emprego.
Dar de mamar é um acto de intimidade, de partilha e de amor.

Mando um abraço forte a quem está, neste momento a olhar para o bebé inconsolável a chorar, e com um pé na rua a caminho da farmácia para comprar o suplemento. Decidam com coragem, liberdade e amor.

"Dar de mamar (...) É estarmos soltas, poderosas, famintas, como lobas, leoas, tigresas, cangurus ou gatas. Muito semelhantes às mamíferas de outras espécies em total apego pelas crias, ignorando o resto da comunidade, mas atentas, milimetricamente, às necessidades do recém nascido."

Gutman, Laura, "A Maternidade e o encontro com a própria sombra"

sábado, 5 de março de 2011

Cronologia duma refeição

Se ela já falasse seria assim:

Acordar: 30 segundos

Ela: - TENHO FOMEEE, VEM JÁ AQUI DAR-ME COMEEER, RÁPIDOOOO, TENHO TANTA FOMEEE!

Eu, a correr já de mamas de fora, pego nela e ponho-a a mamar.

5 segundos depois:

ela: ENTÃÃO, ISTO ESTÁ ESTRAGAAAADO, NÃO TEM NADAaaa... ah, glup glup, glup, que boommm, glup, glup...

cinco minutos depois:

ela: GLUP... cof cof... glup... cof

Levanto-a antes que fique roxa e sem ar:

ela: - AAAAH, cof cof cof... AAAAH, ESTÁS A MATAR-ME À FOMEEE, SOCORROOOO, TENHO QUE COMEEEER, BUÁÁÁÁ

*arroto sonoro
- QUE MERDA AZEDA É ESTA NA MINHA BOCAAAAA??... AAARRRG, NOJOOOO


 De novo a mamar, três minutos depois:

zzzzzzzzzz

quarta-feira, 2 de março de 2011

Dois meses de Mãe:

é dar o melhor e mesmo assim acontecer merda;

é chegar ao limite uma e outra vez e ficar aquém do necessário;

é perder-se de amores e ternura em níveis quase insuportáveis à vista daquele sorriso baboso e desdentado.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Para fazer o Cartão de Cidadão

Exigir uma foto acordado, sem chorar, sem rir, sem chucha e a olhar diretamente para a câmara a um bebé de dois meses é provavelmente o acto mais ridículo a que já assisti.
E útil que vai ser esta foto daqui a um tempo com os bebés sempre a mudarem.
Cabrão do Sócrates.
Ah, é assim em toda a UE?
Cabrão do Durão Barroso.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Almoçar com um bebé de sete semanas ao colo pode dar várias coisas giras de preferência todas em simultâneo:

- molhanga e/ou migalhas na cabeça, pescoço e interior dos ouvidos do bebé, qualquer dos dois, preferencialmente quentes para ser com emoção;

- o meu favorito: bolçado dentro do prato. A menos que se esteja a comer bifinhos com natas, é coisa para estragar o apetite, até o meu que tem sido de javali nos últimos tempos.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Seis semanas depois

Descubro que:

a miúda gosta mesmo é de dormir de barriga para baixo;

tem calor.

Teve a desgraçada que gritar durante mais de um mês para eu perceber. 

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O cúmulo da reciclagem

É a Di  a engolir o bolsado. Sempre.

adenda: escreve-se bolçado.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Posso ainda não saber muito sobre a minha filha, mas já sei a religião: protestante.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Private Practice

Sou eu a única a reparar no delicioso requinte de malvadez que é a possibilidade de ter uns lençóis em seda cor de chocolate com um namorado a condizer? A Addison pode.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Mas com amor

Vão comprar leite e abram o pacote. Deixem-no três dias fora do frigorífico.
Agora arranjem um gato.
Pisem o gato durante cinco ou dez minutos de duas em duas horas o dia todo, noite incluída. Não, gravar o som e reproduzir não dá, porque há que ver a criaturinha contorcer-se de dor.
Já está? Agora pequem nesse leite azedo e esfreguem-se todos nele sem dó nem piedade e logo após o banho.
Muito bem, aí têm uma ínfima amostra da minha vidinha e do meu odor corporal nas últimas três semanas.
Mas com amor.

acerca da menina