Eu não sabia, mas vim morar, de verão, com todas as pessoas que vêm, sabe-se lá de onde tamanho é o farnel que trazem às costas, para a praia. Estas pessoas também se recusam a pagar o parque de estacionamento e preferem participar na longa romaria pedestre até esses dois metros de areia ao longo de um quilómetro junto ao mar a que chamam praia. Tenho, por isso, que partilhar o meu espaço com toda esta gente pobre (mas que ainda consegue sustentar um carro) que se amontoa aos feriados e domingos à porta da minha casa.
Chegam cedinho para conseguir os lugares à sombra. Eu acordo, não com habitual som dos passarinhos, mas com o bater das portas dos senhores banhistas que ainda discutem quase dentro da minha varanda quem é que leva o chapéu de sol e quem leva a geleira com o farnel. Mais as criancinhas a arrastar o balde e as pás. Ou os bebés nos carrinhos com uma fralda tapar do sol e a contribuir para o efeito de estufa dentro da refrescante maxicosi de veludo.
Os casais de velhotes que já mal se arrastam para andar mas ainda carregam às costas as cadeiras de lona, o que na verdade é uma boa ideia porque duvido que haja espaço para toda a gente estar na horizontal.
Os casais de namorados em que ele vem passear a pranchinha de surf e ela finge que ainda acha o máximo, mas aqueles calções coçados e enfiados na gaveta já denunciam o enfado inevitável.
Se calhar vou deixar de ser snob e passo a vender salgadinhos aqui mesmo à porta.
2 comentários:
Adorei este post!
Oh minha Loira, que post maravilhoso!!! Como me identifico com esta descrição!!! Mas olha, eu sou daquelas que vai de "casalinho" mas tenho vários pontos a meu favor:
1- não levo o carro para uma qualquer sombrinha à tua porta
2 - não arrasto nem os pés nem os baldes
3- ele nao leva a prancha
4- não tem os calções lá...
5- e ainda nao estou enfadada
Já me safei, nao já??
Jinhos!!
Fi
PS: (que saudades da Costa no Inverno, não??)
Enviar um comentário