Às compras.
Entramos na loja pela peça que nos chamou a atenção. Vemos a loja toda para não dar o braço a torcer àquele amor à primeira vista.
Pegamos nele, pode ser um vestido. Sentimos primeiro o toque para ver se o tecido nos agrada, ou se vai dar borboto ou se é uma dor de cabeça para passar a ferro. Nada disto nos vai demover a comprar o vestido, porque já estamos apaixonadas, mas é o reconhecer os seus eventuais defeitos para os perdoarmos de imediato ou qualidades que vão reforçar a ideia da compra.
Vamos experimentar. A demora é de pelo menos quarenta minutos porque analisamos de todos os ângulos e nas posições mais improváveis para ver se fica bem. Depois saímos da cabine e vemos no outro espelho que está mais longe e nos dá (tira!) a dimensão do nosso corpo. Só saímos de lá quando arranjamos pelo menos uma posição - em que nunca estamos na nossa vida normal porque ninguém fica parado de barriga encolhida e de perninha para o lado a vida toda - em que o trapo que nos assenta que nem uma luva.
Ou então acabámos de emagrecer 5kg, achamos que tudo fica maravilhoso e demoramos três minutos se chegarmos a experimentar. Aí compramos um "S" que nunca mais vai servir a não ser para assombrar o roupeiro o resto da vida.
quarta-feira, 29 de abril de 2009
segunda-feira, 20 de abril de 2009
"cidade maravilhosa, mais um pouco pirigosa"*
AMO esta cidade de onde hoje vos escrevo.
Desde o primeiro dia em que assentei os pézinhos no Rio de Janeiro que trago o cheiro entranhado nas minhas melhores recordações.
Não vou sequer tentar esticar o meu fraco jeito para descrever este amor que, como qualquer um, é indescritível.
São as pessoas, o calor, a luz, a envolvência, o ritmo e o sotaque.
Nunca é suficiente, nunca me apetece ir embora, ficam sempre coisas por fazer, há sempre algo novo. Mesmo o imutável não pára de me deslumbrar.
*"Felipão", taxista carioca.
foto credits: Inês D.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Já não me lembrava como era isto de começar de novo. Perder a vontade de fazer coisas que não seja pensar e recordar, imaginar e sonhar. Deixar acumular insolente o trabalho e o corriqueiro porque desfrutar do assalto se tornou urgente e impossível de evitar.
A verdade é que não me apetecia nada, tenho tanta coisa para fazer. E tenho a vaga ideia de que eram coisas importantes. Devia ter anotado na agenda que não uso, mas que daria jeito nesta altura em que o discernimento me está a fugir.
Esqueço-me sempre desta minha capacidade infinita de me apaixonar. Talvez deva anotar algures.
Aqui parece-me bem.
A verdade é que não me apetecia nada, tenho tanta coisa para fazer. E tenho a vaga ideia de que eram coisas importantes. Devia ter anotado na agenda que não uso, mas que daria jeito nesta altura em que o discernimento me está a fugir.
Esqueço-me sempre desta minha capacidade infinita de me apaixonar. Talvez deva anotar algures.
Aqui parece-me bem.
terça-feira, 7 de abril de 2009
A religião do luxo e a cultura do gritinho.
Portanto temos o Jumbo, a Páscoa, a crise e a gula.
Resultado: quarenta metros quadrados de ovos da páscoa numa gritaria de papel brilhante e cores garridas, como se o chocolate, só por si, não fosse atractivo suficiente. Mania da piroseira.
Será que a ideia é fazer-nos gastar aquele dinheiro que temos no bolso, mas até parece mal perante a lamúria interminável da crise?
Ou fazer-nos acreditar que trazendo aquela pequena e histérica forma oval de chocolate é realmente importante para alguém?
Ok, eu lembro-me da festa que fazia na páscoa quando os meus avós competiam com as formas mais originais de esculturas em cacau - ganhou o meu avô com um burro de chocolate, que os meus pais apostaram que eu ia ter pena de comer, que durou 2 dias - mas uma secção inteira de um hipermercado?
Para quem já comeu um naco de chocolate numa feira ao ar livre cortado à mão por um alemão com pinta de talhante é a tentativa de eurodisney na feira popular da Costa de Caparica.
Sim, é de Caparica. Eu também acho pretensioso, mas é assim.
sexta-feira, 3 de abril de 2009
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