Fui chamada de assistência, quatro dia fora de casa, e comecei a chorar. Quem me ligou falava como se me estivesse a convidar para uma festa: quem me dera esganá-lo. Amaldiçoei quem quer que tivesse faltado.
Numa semana dormi quatro noites em casa. Num mês devo andar por aqui cerca de 60 por cento dos dias. Ou talvez esteja a exagerar.
A verdade é que estas contas pesam-me. Faz-me falta vir dormir a casa.
As pessoas desabituam-se de mim e eu delas. Faz-me impressão que os meus pais já não me liguem ao fim-de-semana a perguntar se vou almoçar.
Éramos só mulheres, dez, a trabalhar e parecíamos as melhores amigas na carrinha a falar de cinema e a rir muito. Assim que chegamos e nos misturamos com a vida real desaparece tudo e já nem nos lembramos de quem eram. Nem onde fomos.
Chego a casa e já me passou a neura. As saudades em vez de aumentarem atenuam. Quase desaparecem. Tudo toma uma importância relativa, uma vez que daqui a nada já me vou embora outra vez.
3 comentários:
Trabalho por turnos e o resultado é o mesmo. Vive-se noutro ritmo, e ainda que nos esforcemos para viver os dois ritmos (o nosso e o dos que nos são próximos) estamos sempre em falta.
Cansa...e não é pouco.
Gustavo
:(
É a isto que eu chamo captar o âmago da questão! Desde a cena do convite para a festa (porque parece mesmo isso: ou não têm noção do transtorno que causam ou fazem de propósito...), até à das melhores amigas que não se lembram não só do teu nome, mas também da tua cara passados dois dias ou numa qualquer piscina... gentinha desinteressante!... estou contigo, minha amiga!
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