segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O Desenraizamento

Fui chamada de assistência, quatro dia fora de casa, e comecei a chorar. Quem me ligou falava como se me estivesse a convidar para uma festa: quem me dera esganá-lo. Amaldiçoei quem quer que tivesse faltado.
Numa semana dormi quatro noites em casa. Num mês devo andar por aqui cerca de 60 por cento dos dias. Ou talvez esteja a exagerar.
A verdade é que estas contas pesam-me. Faz-me falta vir dormir a casa.
As pessoas desabituam-se de mim e eu delas. Faz-me impressão que os meus pais já não me liguem ao fim-de-semana a perguntar se vou almoçar.

Éramos só mulheres, dez, a trabalhar e parecíamos as melhores amigas na carrinha a falar de cinema e a rir muito. Assim que chegamos e nos misturamos com a vida real desaparece tudo e já nem nos lembramos de quem eram. Nem onde fomos.

Chego a casa e já me passou a neura. As saudades em vez de aumentarem atenuam. Quase desaparecem. Tudo toma uma importância relativa, uma vez que daqui a nada já me vou embora outra vez.

3 comentários:

Anónimo disse...

Trabalho por turnos e o resultado é o mesmo. Vive-se noutro ritmo, e ainda que nos esforcemos para viver os dois ritmos (o nosso e o dos que nos são próximos) estamos sempre em falta.
Cansa...e não é pouco.

Gustavo

Inês disse...

:(

Raquel disse...

É a isto que eu chamo captar o âmago da questão! Desde a cena do convite para a festa (porque parece mesmo isso: ou não têm noção do transtorno que causam ou fazem de propósito...), até à das melhores amigas que não se lembram não só do teu nome, mas também da tua cara passados dois dias ou numa qualquer piscina... gentinha desinteressante!... estou contigo, minha amiga!

acerca da menina