terça-feira, 28 de setembro de 2010

Prelúdio

Tive sempre um bocadinho de inveja da caixa da minha querida m.
Um caixinha cheia de passado que podemos ou não querer revisitar, mas que não pode ser deitado fora.
Guarda-se no fundo do armário à espera que - gosto eu de pensar - nos venha parar às mãos quando precisarmos de conforto ou ensinamentos de nós mesmos.
Descobri hoje que afinal tenho essa caixinha. Pus de lado a pretensão de maturidade que pressupõe, acho, o enterro de certas ideias, amores, paixões,  loucuras, arranques, depressões. Nunca fui de escrever diários, vou deixando papelinhos como recados a mim mesma. Consegui guardar alguns.
Para ser eu, a minha caixa é cheia de idas e voltas. Certezas que se contradizem no mesmo momento.
E de incertezas. Incapacidade de ver o que está à minha frente e seguir o instinto. Saber o que é afinal o instinto, distingui-lo e limpá-lo de medos, convicções e tantas merdas que misturo.
É para isso que serve a minha caixa, para misturar aquilo que não pode ser arrumado em conpartimentos nem arquivado de forma organizada. É uma espreitadela para dentro da minha cabeça. 
Já a tenho.

acerca da menina