A cidade começou por ser local de veraneio de famílias lisboetas, as primeiras casas eram apenas de verão ou de fim de semana. Entretanto passou a periferia da já periférica Almada, humilde vila piscatórica e, hoje em dia, alcança a maturidade sendo o abrigo favorito de um povo emigrante cuja única riqueza que traz na bagagem é um tipo muito característico de animação: os brasileiros.
Alguém consegue imaginar o tipo de antiguidades que este contexto produz?
Roupa desbotada e comida pela traça; livros de informática tão desactualizados como o manual de utilização do ZX Spectrum; bijuteria foleira em segunda mão; azulejos, meu amigos, azulejos rachados, alguns soltos tipo peças únicas, outros unidos tipo puzzle; tupperwares usados; posters e calendários velhos do Benfica e não deu para ver mais porque estava intransitável de tanta gente.
Todos os domingueiros acorreram às bancas e chafurdavam no meio da camada de poeira branca que saía, grosso modo, das boquinhas dos cães e gatos de loiça também à venda. Uma espécie de efeito especial bem realista para dar aquele ar rústico à cena.
O que parece é que morreram várias tias de pessoas ao mesmo tempo e toda a família está a tentar vender a porcaria que elas tinham em casa. É melhor que um aterro sanitário e pior do que uma "garage sale".