A quem não consegui falar, mas sei que me lê;
A quem não tenho o número, mas sei que me lê;
A quem não me quer ver nem ouvir, mas sei que me lê;
A quem não conheço, mas sei que me lê;
A Todos.
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
sábado, 19 de dezembro de 2009
Pergunto-me
Que regra de etiqueta seguir quando um cão - aconteceu-me hoje na loja de floricultura - nos vem alegremente cumprimentar e segue directo para uma snifadela doentia e prolongada às nossas cuecas?
Eu optei por uma murraça na cabeça, mas desconfio que o procedimento não agradou aos donos.
Eu optei por uma murraça na cabeça, mas desconfio que o procedimento não agradou aos donos.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Posso dar-lhe também?
Podia estar aqui sentada a falar-vos do facto da minha palmeira doméstica regurgitar lagartas pretas que dão saltos de vários centímetros em piruetas no ar se as tento apanhar; de estar neste momento atrasada para o meu dentista gay depois de a megera da mulher dele me ter recusado consulta durante dois dias - gosto mesmo, mesmo do dentista por isso espero o que for preciso - apesar de ter ligado a queixar-me de dores num dente partido (castanhas piladas quase valem a pena a boca toda feita em cacos); de ter ficado contente com um inesperado e inédito convite para a passagem de ano, convite esse, que ora já não me apetece aceitar, ora tenho vontade de ir, numa esquizofrenia concordante com a relação; de ter demorado quatro horas para fazer a meia dúzia de exames da Medicina de Trabalho por ser véspera de feriado; de estar num canto, na sala de espera, a satisfazer o meu novo vício - mahjong café - e ouvir as minhas colegas, sempre tão incomodadas com multidões e gritos que não os delas próprias está visto, a conversarem aos berros sobre os novos horários, os feriados em que trabalham, as férias que fizeram; podia divagar sobre esse prazer que desenvolvi na má criação de não responder a um sorriso: uma das que estava aos gritos e a desprezar a minha presença segundos antes, ao ver-se sozinha e sem me conhecer de lado nenhum dirige-me um rasgado e simpático sorriso com a pergunta "então e diz-me lá tu como é que está o longo?" (jargão para o ambiente/quantidade de trabalho nos vôos de longo curso) ao que respondo sem sorrir: "bem, obrigada" e volto ao meu mahjong.
Mas o que quero mesmo hoje contar é sobre uma mãe que andava atrás da sua filhinha, vestida e penteada à anjinho barroco, com gomos de tangerina. Andava pelas salas todas de consulta onde o anjinho barroco entrava alegremente a implorar para que engolisse os gomos da tangerina. E a criança lá ia, entre gritos e cambalhotas pelo chão, comendo a tangerina. Quando acabou o suplício, nunca pensei contar com sofrimento qual poderia ser a média de gomos numa tangerina, para meu espanto a mãezinha tinha OUTRA tangerina, que saca da mala já descascada, com cara de sofrimento e prepara-se para recomeçar o número. O anjinho barroco, espantado que ficou também, levantou a pequena e sapuda mãozinha e SPLAC! presenteou todos os presentes com um valente chapadão nas trombas da mãe que, impávida disse aos espectadores: "ela hoje está muito nervosa".
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
choque térmico
Por mais que tente não consigo deixar de me espantar, depois de estar dois dias na praia com temperaturas à volta dos 30 graus, com este frio à chegada a Lisboa.
E para ajudar tenho no corpo este bronze obsceno.
P.S: Vou colocar este post em primeiro lugar no ranking dos mais nojentos.
E para ajudar tenho no corpo este bronze obsceno.
P.S: Vou colocar este post em primeiro lugar no ranking dos mais nojentos.
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Estou em casa sozinha, em silêncio. Só o teclar no computador, a falar no messenger com a minha irmã.
Gritos, coisas a cair, mais gritos, gatos esganiçados, coisas a partirem-se - na escada do prédio. A minha vizinha e os sete gatos e dois cães num convívio nem sempre amigável. Salto da cadeira porque apesar da constante da gritaria - Baaaaaaaaaaatman, Mikééééé ... - tanto estardalhaço não é comum. Pode ter acontecido alguma coisa.
A voz de um homem, o meu vizinho a antecipar-se a mim.
Olá está bom, não ligue que isto são eles que de vez em quando lhes dá um ginete de loucura. Diz ela. Não sei se não se dá conta que o ginete é dela. O cheiro a comida de animais é dela, a sujeira na escada é dela. A solidão deu-lhe para isto, rodeou-se de animais gordos e pedintes, leva os dias a gritar e a ralhar com todos. Eles saem para a rua e entram em casa conforme ela os expulsa para logo a seguir andar pela rua aos gritos a chamá-los. Nunca a vi ser carinhosa com nenhum. Distrai-se assim da solidão, da velhice, do nada para fazer. Sete gatos e dois cães velhos são os únicos que a aturam.
Gritos, coisas a cair, mais gritos, gatos esganiçados, coisas a partirem-se - na escada do prédio. A minha vizinha e os sete gatos e dois cães num convívio nem sempre amigável. Salto da cadeira porque apesar da constante da gritaria - Baaaaaaaaaaatman, Mikééééé ... - tanto estardalhaço não é comum. Pode ter acontecido alguma coisa.
A voz de um homem, o meu vizinho a antecipar-se a mim.
Olá está bom, não ligue que isto são eles que de vez em quando lhes dá um ginete de loucura. Diz ela. Não sei se não se dá conta que o ginete é dela. O cheiro a comida de animais é dela, a sujeira na escada é dela. A solidão deu-lhe para isto, rodeou-se de animais gordos e pedintes, leva os dias a gritar e a ralhar com todos. Eles saem para a rua e entram em casa conforme ela os expulsa para logo a seguir andar pela rua aos gritos a chamá-los. Nunca a vi ser carinhosa com nenhum. Distrai-se assim da solidão, da velhice, do nada para fazer. Sete gatos e dois cães velhos são os únicos que a aturam.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Este gajo leu-me os pensamentos
Popota zona J - Bruno Nogueira
http://www.tsf.pt/paginainicial/AudioeVideo.aspx?content_id=1417238
http://www.tsf.pt/paginainicial/AudioeVideo.aspx?content_id=1417238
I see u
Ouvir a palavra perfeição alternando com óptima aplicada a mim e logo pela manhã têm o poder de me dispensar os saltos altos o dia todo, tal é o ar importante e inchado com que fico. (ok, ainda pior do que isso que vocês todos aí a levantar as sobrancelhas ou com risos irónicos conhecem)
Fazem com que as visitas anuais ao ofltalmologista mereçam a inevitável hora e meia de espera. Aquele médico não poupa nos elogios, tudo bem que aplicados ao seu próprio trabalho nos meus olhos, mas eu fico tão vaidosa que tenho a sensação que saí do consultório aos saltinhos - reacção fisiológica e ridícula a momentos de excitação incontrolável.
Se pensar que, durante anos, a visita a esta especialidade incluía uns óculos pesadíssimos das fileiras de graduações aplicadas e a cara de incrédula da minha mãe quando eu era incapaz de distinguir um B do tamanho real das bossas de um camelo, acho que se justifica.
Se pergunto alguma coisa - é raro: após o alívio de saber que não me estou a transformar numa toupeira entro logo noutra dimensão, o senhor tem uma maquete de olho em plástico desmontável do tamanho de uma bola de andebol onde me explica ao pormenor o que terá que ser examinado e o porquê.
domingo, 8 de novembro de 2009
Banho turco ou a experiência mais próxima que já tive de uma cena de lesbianismo
Todas as viagens têm uma lição, como disse a minha companheira e eu acho que a que tiro desta é que o banhinho é uma coisa que a pessoa, a minha pessoa, prefere fazer sozinha. Ou pelo menos não com a ajuda de uma outra senhora de grandes seios velhotes e descaídos no meio de muitas outras senhoras desconhecidas todas de mamas de fora numa sala enorme húmida e quente.
As senhoras não falam inglês e vingam-se disso esfregando com muita força os corpinhos que lá lhes aparecem. As caras de poucos amigos contribuem para que mais ninguém abra a boca, além das próprias e em turco, estando pelo menos umas vinte mulheres semi nuas, a cozer ao vapor de olhos fechados, mudas e imóveis.
Foi assim uma mistura de orgia lésbica com câmara de gás.
Istambul - 2009
domingo, 1 de novembro de 2009
Referência Inspiradora
"Vamos estar obcecados com a isenção, a investigação, a profundidade"
in Público, editorial - Um novo começo.
in Público, editorial - Um novo começo.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Chegada
Sono, vontade daquele banho.
Que frio é este?!
Onde é que estacionei o carro?... Espero que pegue.
Abro o porta-bagagens, pingos de chuva, cheiro a humidade. O meu carro continua a meter água.
Tenho frio, mas não posso ligar o ar quente senão adormeço. O banho quente vai resolver tudo. Conciliador.
Casa, desfazer a mala, roupa para lavar. Será que vai chover hoje? A roupa do corpo logo de molho, faça chuva ou sol.
Cheiro esquisito, merda, de que é que me esqueci a apodrecer? Caldo verde azedo no frigorífico. Não vou ter sopa para quando acordar. Quero lá saber, já só penso no banho e dormir.
As malas e a roupa espalhadas no corredor, quando acordar logo arrumo o resto.
Água a correr na banheira. Fria. Fria. Continua fria.
O esquentador avariado.
Paciência, vou já dormir. O telefone a tocar porque o dia das outras pessoas está a começar, não sabem que o meu acabou mesmo agora. Não têm que saber.
Desligo. O resto do mundo pode arder. Logo vejo quando acordar.
Que frio é este?!
Onde é que estacionei o carro?... Espero que pegue.
Abro o porta-bagagens, pingos de chuva, cheiro a humidade. O meu carro continua a meter água.
Tenho frio, mas não posso ligar o ar quente senão adormeço. O banho quente vai resolver tudo. Conciliador.
Casa, desfazer a mala, roupa para lavar. Será que vai chover hoje? A roupa do corpo logo de molho, faça chuva ou sol.
Cheiro esquisito, merda, de que é que me esqueci a apodrecer? Caldo verde azedo no frigorífico. Não vou ter sopa para quando acordar. Quero lá saber, já só penso no banho e dormir.
As malas e a roupa espalhadas no corredor, quando acordar logo arrumo o resto.
Água a correr na banheira. Fria. Fria. Continua fria.
O esquentador avariado.
Paciência, vou já dormir. O telefone a tocar porque o dia das outras pessoas está a começar, não sabem que o meu acabou mesmo agora. Não têm que saber.
Desligo. O resto do mundo pode arder. Logo vejo quando acordar.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Existe a possibilidade de o IKEA estar a tentar matar-me
Ontem fui lá comprar uma mesinha para o computador portátil. Saí com um tampo em vidro a pesar 50kg.
A pessoa vai, entusiasma-se, escolhe à bruta e só vários corredores depois - e já no Mundo Infinito das Caixas de Cartão - se apercebe que se está sozinha a braços com mais de dois terços do seu próprio peso para, primeiro, puxar da prateleira e acertar no carrinho. Segundo, enfiar o monstro dentro do outro carrinho um pouco maior, mas não o suficiente, que a levará a casa.
Foi um carnaval: tirar várias camadas de roupa uma vez que o suor me atrapalhava enquanto puxava a caixa para cima do carrinho tendo que o segurar, ao mesmo tempo, com os pés. De novo, mas a operação inversa, para dentro do carro. Não coube e lá foi o carrossel até casa de porta bagagens aberto e várias passagens por carros-patrulha da PSP. O festival termina com o transporte do carro até casa, arrastando com paciência o enorme rectângulo passo a passo e com a caixa a rasgar-se toda deixando o vidro fugir num oportuno degrau que me levava ao elevador.
Quase decapitando os meu pés, consigo travar a fuga evitando o estrilhaçar total da mesa.
A atracção do abismo é muito forte e hoje volto lá. Desta vez são 30kg de Billy para acartar.
Já no Mundo Infinito das Caixas de Cartão (MICC) começo a preparar-me para a operação "caixa com dois metros e dez de comprimento para cima do carrinho de mão" e... zás! O MICC rouba-me o telemóvel. Sugou-o da minha mala e tentou engoli-lo para impedir-me de pedir ajuda enquanto tentava asfixiar-me com caixas e ácaros.
Valeram-me os 14 anos de Ginástica Rítmica para me torcer e esticar tanto que consegui alcançar o telemóvel. As profundezas do MICC não estavam assim tão sujas que, mesmo após esta frenética esfrega no chão do corredor 1 secção 68, pude dirigir-me à caixa de pagamento com o mínimo de dignidade.
A saga termina com várias nódoas negras e arranhões no meu corpo, mas retaliei muito bem, como poderão atestar os meus amigos quando vierem cá em casa e virem várias prateleiras montadas ao contrário. Que é para não serem espertas.
A pessoa vai, entusiasma-se, escolhe à bruta e só vários corredores depois - e já no Mundo Infinito das Caixas de Cartão - se apercebe que se está sozinha a braços com mais de dois terços do seu próprio peso para, primeiro, puxar da prateleira e acertar no carrinho. Segundo, enfiar o monstro dentro do outro carrinho um pouco maior, mas não o suficiente, que a levará a casa.
Foi um carnaval: tirar várias camadas de roupa uma vez que o suor me atrapalhava enquanto puxava a caixa para cima do carrinho tendo que o segurar, ao mesmo tempo, com os pés. De novo, mas a operação inversa, para dentro do carro. Não coube e lá foi o carrossel até casa de porta bagagens aberto e várias passagens por carros-patrulha da PSP. O festival termina com o transporte do carro até casa, arrastando com paciência o enorme rectângulo passo a passo e com a caixa a rasgar-se toda deixando o vidro fugir num oportuno degrau que me levava ao elevador.
Quase decapitando os meu pés, consigo travar a fuga evitando o estrilhaçar total da mesa.
A atracção do abismo é muito forte e hoje volto lá. Desta vez são 30kg de Billy para acartar.
Já no Mundo Infinito das Caixas de Cartão (MICC) começo a preparar-me para a operação "caixa com dois metros e dez de comprimento para cima do carrinho de mão" e... zás! O MICC rouba-me o telemóvel. Sugou-o da minha mala e tentou engoli-lo para impedir-me de pedir ajuda enquanto tentava asfixiar-me com caixas e ácaros.
Valeram-me os 14 anos de Ginástica Rítmica para me torcer e esticar tanto que consegui alcançar o telemóvel. As profundezas do MICC não estavam assim tão sujas que, mesmo após esta frenética esfrega no chão do corredor 1 secção 68, pude dirigir-me à caixa de pagamento com o mínimo de dignidade.
A saga termina com várias nódoas negras e arranhões no meu corpo, mas retaliei muito bem, como poderão atestar os meus amigos quando vierem cá em casa e virem várias prateleiras montadas ao contrário. Que é para não serem espertas.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Sopeira
Uma gaja sopeira é aquela que, mesmo de vestido de noite, parece sempre que está de avental.
É muito dona de casa, sabe tudo sobre como tirar nódoas, mas não de uma maneira cool como a minha avó que às vezes parece fazer magia, mas do tipo comezinho de quem acha que veio ao mundo para deixar tudo muito limpinho e a cheirar a sonasol.
Nunca se maquilha muito.
Mesmo com as mãos arranjadas tem sempre aquele ar inchado das frieiras.
Não usa saltos muito altos por causa da coluna.
Mesmo que esteja de pé, parece sempre estar encolhida de frio. Com as mãozinhas juntas no regaço.
Fala sempre baixo e não gosta de discutir para não arranjar problemas.
Come sempre muitas sopinhas.
E não imagino estas gajas a foder. Consigo admitir o cenário delas na cama a fazerem filhos com o marido, mas não a foder.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Coisas estúpidas que me acontecem VI
Sabemos que a nossa vida está assim um pouco a atirar pro confuso quando perdemos qualquer coisa como
Um alho francês.
Comprei-o ontem na praça, tenho a certeza e não está junto de todos os outros legumes detro do frigorífico. Já procurei por todo o lado e não encontro.
Hum...
Talvez na minha mesa de cabeceira.
Um alho francês.
Comprei-o ontem na praça, tenho a certeza e não está junto de todos os outros legumes detro do frigorífico. Já procurei por todo o lado e não encontro.
Hum...
Talvez na minha mesa de cabeceira.
Um poeta do caralho
Este é o Barbas, -->
o poeta era muito parecido, mas vestia pijama
o poeta era muito parecido, mas vestia pijama
Ontem na rua estava um senhor em pijama e muito barbudo - de repente até me parecia aquele benfiquista nojento, o Barbas - a declamar.
Primeiro, e sem o ver, pensei que era uma briga porque se distinguiam algumas palavras que soavam a palavrões. Depois, mais perto e perante a entoação e voz bem colocada parecia algo tipo campanha eleitoral. Temi cruzar-me de novo o com o Pedrófilo Pedroso. Exacto, na semana passada o meu caminho cruzou-se com o dessa lula branca asquerosa.
Foi quando cheguei mais perto e percebi que o dono da voz era aquela figura e estava a declamar algo sem nexo, mas muito bem dito:
- ... As honoráveis excelências que me chupem o caralho, para os filhos da puta não transcenderam as vias das possibilidades...
- ... um considerável momento de infinita puta de merda transforma-se numa esporra que nem ao colhão mais inócuo será indiferente...
- ... sejam fiéis e ao caralho que vos foda.
Entretanto parei de tirar notas porque tinha as uvas e os diospiros no carro ao sol. Mas o senhor esteve horas nisto em frente ao mini preço e sempre sem repetir muito nem o vocabulário nem o vernáculo.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Os meus emigrantes
Já tinha saudades deles, ainda que ao fim de sete ou oito horas fique farta.
Desta vez, os do norte do país anafados e coradinhos, muito sorridentes a pedirem vinho tinto para beberem à refeição. A misturarem a língua portuguesa com a do país que os acolheu e lhes sugou a juventude.
A segunda geração, já nascidos no país dos outros, sem saberem bem onde pertencem, a exibirem orgulhosos a dicção da língua estrangeira. Não são vistos como naturais lá, cá na casa já não se enquadram: não têm terra. Não conseguem reproduzir nem sentir aquele suspiro de conforto de quem chega a casa só de pôr os pés no avião português. Esses são os pais, que ainda têm uma casa onde regressar.
A terceira geração, os filhos e netos já não falam português. Entendem, mas não gostam de falar porque na escola chega a ser factor de exclusão e assim fazem por esquecer aquela pequena vergonha. Acho até que muitos não gostam de cá vir na férias e ficam aliviados assim que regressam a casa.
Por isso eu gosto é dos velhinhos, que me pedem "oh menina dê-me juice com ice, ou uma soda por favor. Tanks."
Desta vez, os do norte do país anafados e coradinhos, muito sorridentes a pedirem vinho tinto para beberem à refeição. A misturarem a língua portuguesa com a do país que os acolheu e lhes sugou a juventude.
A segunda geração, já nascidos no país dos outros, sem saberem bem onde pertencem, a exibirem orgulhosos a dicção da língua estrangeira. Não são vistos como naturais lá, cá na casa já não se enquadram: não têm terra. Não conseguem reproduzir nem sentir aquele suspiro de conforto de quem chega a casa só de pôr os pés no avião português. Esses são os pais, que ainda têm uma casa onde regressar.
A terceira geração, os filhos e netos já não falam português. Entendem, mas não gostam de falar porque na escola chega a ser factor de exclusão e assim fazem por esquecer aquela pequena vergonha. Acho até que muitos não gostam de cá vir na férias e ficam aliviados assim que regressam a casa.
Por isso eu gosto é dos velhinhos, que me pedem "oh menina dê-me juice com ice, ou uma soda por favor. Tanks."
Got to love this city
O segurança à saída do metro a cumprimentar toda a gente:
- Hello baby, looking good today.
Eu:
*sorrisinho*
Ele
- gorgeous smile, got to love latin women!
Por alguma razão, uma das raras vezes em que não passo por bifa. Não fiquei para perguntar porquê, às 9h da manhã o mar de gente a sair do metro é imparável.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
I Gotta Feeling - Live on Oprah's 24th Season Kickoff Party
O que eu dava para estar numa cena destas.
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Antes só que mal acompanhada
Ora, uma pessoa a vive bem, sozinha, sem grandes partilhas. Não está ninguém à espera quando se chega, não fica ninguém quando se vai. Uma pessoa desarruma, a mesma pessoa arruma, limpa-suja, and so on. Vê os canais de televisão que quer sem negociar, pode ocupar os dois lados da cama ao mesmo tempo e várias outras vantagens que agora não me apetece enunciar.
Um belo dia, 2.538.164 outros seres decidem mudar-se contigo. Para dentro da tua casa. Todos em filinha indiana.
Comem a tua comida, instalam-se onde lhes apetece, passam por cima de toda a folha e têm o descaramento de passear com calma e descontração nas TUAS COSTAS enquanto dormes.
Primeiro, muito histérica, corri pela casa fora a disparar Cilit Bang nas fuças dos seres. Depois inundei tudo em Ajax Expel.
Quando já só faltava EU tomar banho em repelente - e Deus sabe como não preciso - e depois de virar a casa ao contrário para expulsar os meus novos 2.538.164 melhores amigos, foi-me apresentada uma espuma milagrosa.
Livrei-me finalmente das putas das formigas.
Dum Dum espuma mata formigas - especializado, não vão em merdas que matam todos os insectos porque além de não ser bom matar aranhas por exemplo (e antes que as meninas comecem com gritinhos: ai ai, aranhas, que nojo, matem-nas todas - elas fazem o controlo da população de insectos na natureza) os ditos genéricos acabam por não matar coisa nenhuma.
Um belo dia, 2.538.164 outros seres decidem mudar-se contigo. Para dentro da tua casa. Todos em filinha indiana.
Comem a tua comida, instalam-se onde lhes apetece, passam por cima de toda a folha e têm o descaramento de passear com calma e descontração nas TUAS COSTAS enquanto dormes.
Primeiro, muito histérica, corri pela casa fora a disparar Cilit Bang nas fuças dos seres. Depois inundei tudo em Ajax Expel.
Quando já só faltava EU tomar banho em repelente - e Deus sabe como não preciso - e depois de virar a casa ao contrário para expulsar os meus novos 2.538.164 melhores amigos, foi-me apresentada uma espuma milagrosa.
Livrei-me finalmente das putas das formigas.
Dum Dum espuma mata formigas - especializado, não vão em merdas que matam todos os insectos porque além de não ser bom matar aranhas por exemplo (e antes que as meninas comecem com gritinhos: ai ai, aranhas, que nojo, matem-nas todas - elas fazem o controlo da população de insectos na natureza) os ditos genéricos acabam por não matar coisa nenhuma.
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Saaaai, saaaaai
Interrogo-me se haverá algum motivo especial para a puta da box da Zon encravar sempre nos canais HD que estão bloqueados.
Não dá para fazer um relaxante zapping sem ter de cravar as unhas no comando sempre que passa pelo Mov HD, AXN HD, National Geographic HD...
Não dá para fazer um relaxante zapping sem ter de cravar as unhas no comando sempre que passa pelo Mov HD, AXN HD, National Geographic HD...
terça-feira, 1 de setembro de 2009
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Red Eye
O problema das pessoas dormirem no avião é, no caso dos homens, acordarem de pau feito.
Nunca me tinha apercebido deste senão - absorta que estou na imersão em bafo pestilento e chulé abundante - até há algum tempo atrás.
O senhor tinha pinta de índio e acordou com um tamanho pau que nem a pochete do computador disfarçava. O desgraçado nem se levantou para ir à casa de banho e matar aquele bicho tal era a vergonha. E não deve ter ajudado o facto de, sem querer, a bandeja e a minha mão lhe terem roçado.
O nojo e o horror.
Quando percebi que raio de coisa dura e quente era aquela onde a minha pura mãozinha tinha tocado ao de leve corei até à raiz do cabelo. Não contente, contei a todos os meus colegas que, em fila indiana, puderam comprovar a desgraça.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Loirona
Há uma loira que faz jogging à mesma hora que eu. Só que mede dois metros. Sim, dois metros de loira.
Ela é tão alta que faz alongamentos às pernas no local onde o resto de nós humanos nos apoiamos para subir escadas: nos corrimãos. As pernas dela ficam num ângulo 90º quando alonga no corrimão. Fraquinha no alongamento, ok? Grandona, mas pouco flexível.
Quando passo por ela, a loirona dá uma de distraída, mas depois mete-se a correr atrás de mim. Adivinho pela cara dos resto das pessoas que caminham pelo paredão, umas carinhas de riso, que vamos as duas loiras, suadas e com as mamas aos saltos, a correr ao mesmo tempo.
Ontem ganhei eu, mas hoje a gaja ultrapassou-me.
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
DNR - do not resuscitate
Não é só medo.
É uma dor antiga, que vem do fundo e dói mesmo que se tente esquecer o porquê. Essa dor que já se conhece, uma velha companhia relembra que já lá estiveste. Que não será diferente. Mesmo que seja, voltas lá onde já doeu.
Por mais que possa esquecer - nunca poderei - o virar as costas na cama; o vazio de tantas manhãs; o não esperar nada; não conseguir respirar; os egoísmos. Não posso apagar essa dor antiga, tem vontade própria e traz memória agarrada.
Não volto atrás.
E é assim com a vida também, por isso, por favor, se o meu coração parar de bater, não quero ser reanimada.
É uma dor antiga, que vem do fundo e dói mesmo que se tente esquecer o porquê. Essa dor que já se conhece, uma velha companhia relembra que já lá estiveste. Que não será diferente. Mesmo que seja, voltas lá onde já doeu.
Por mais que possa esquecer - nunca poderei - o virar as costas na cama; o vazio de tantas manhãs; o não esperar nada; não conseguir respirar; os egoísmos. Não posso apagar essa dor antiga, tem vontade própria e traz memória agarrada.
Não volto atrás.
E é assim com a vida também, por isso, por favor, se o meu coração parar de bater, não quero ser reanimada.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Cenas.
Tenho uma coisa muito relevante para partilhar. Aliás, duas, porque ambas têm a ver com amarfanhanços.
Amarfanhar o papelinho do gelado não é admissível em gelados de pauzinho. Por exemplo comer um magnum de amêndoas sem chegar a tirar o papel todo. Mesmo se forem crianças, porque todas as nódoas do mundo na roupinha acabada de vestir de lavado não são desculpa para privarmos o paladar da visão global do gelado. A minha avó comia assim o super maxi e já a convenci a tirar o papel todo. Ai porque se derrete, não, estás é a comer muito devagar. E pessoas que conseguem comer doces e gelados devagar são irritantes.
Amarfanhar ou arregaçar os calções de banho. Esta é para os homens. Epá se não gostam das marcas vistam sunga. Nós aguentamos a visão triste de 50 cm a mais de corpos não mulatos nem musculados e sem sotaque rebolado, em detrimento da versão fralda do calção de banho. Prometo.
Amarfanhar o papelinho do gelado não é admissível em gelados de pauzinho. Por exemplo comer um magnum de amêndoas sem chegar a tirar o papel todo. Mesmo se forem crianças, porque todas as nódoas do mundo na roupinha acabada de vestir de lavado não são desculpa para privarmos o paladar da visão global do gelado. A minha avó comia assim o super maxi e já a convenci a tirar o papel todo. Ai porque se derrete, não, estás é a comer muito devagar. E pessoas que conseguem comer doces e gelados devagar são irritantes.
Amarfanhar ou arregaçar os calções de banho. Esta é para os homens. Epá se não gostam das marcas vistam sunga. Nós aguentamos a visão triste de 50 cm a mais de corpos não mulatos nem musculados e sem sotaque rebolado, em detrimento da versão fralda do calção de banho. Prometo.
terça-feira, 14 de julho de 2009
Coisas estúpidas que me acontecem V
Confundir o frasco da canela com o do caril, pela manhã, no chá.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
quinta-feira, 9 de julho de 2009
sábado, 4 de julho de 2009
A ciclovia e o complexo da passadeira vermelha.
Porque é que os peões caminham TODOS na ciclovia?
Tenho três teorias possíveis:
1- a vontade irresistível de caminhar onde é proibido, assim também se explica o hábito das pessoas caminharem pela estrada. Se bem que, nós mulheres, podemos estar a viver nesse momento um problema de incompatibilidade entre o piso e o calçado;
2- porque é giro caminharmos todos em fila indiana;
3- o complexo da passadeira vermelha. E é nesta que estou mais inclinada a apostar. A cor atrai o people.
Porque só a verdadeira atracção pode levar famílias inteiras a caminhar num pedacinho estreito de calçada à beira da estrada, num passeio com 10 metros de largura.
Ou ainda ao largo das praias, mas do lado mais afastado do mar. Só o verdadeiro sonho recalcado de pisar um dia, qual verdadeira estrela, uma passadeira vermelha leva a que alguém no seu bonito e domingueiro passeio dos tristes junto ao mar o faça olhando no sentido inverso. Para a bonita cidade da Costa da Caparica.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Pêlo não.
Queria aqui pedir a todas as mulheres, que se encarquilham na praia a escarafunchar os pêlos encravados nas virilhas, ou pernas ou onde seja, que párem.
A luz é óptima e eu também quase salivo de prazer quando consigo fazer sair de dentro da cabecinha branca - desgraçados do sexo masculino que aqui passem podem vomitar agora - um pelinho enrolado e enoooorme, tendo em conta o compartimento onde estava encafuado.
Mas essa figura na praia é muito feia, faz-me vir a correr para casa e, de agulha e pinça em riste, desatar a escavacar-me toda.
A luz é óptima e eu também quase salivo de prazer quando consigo fazer sair de dentro da cabecinha branca - desgraçados do sexo masculino que aqui passem podem vomitar agora - um pelinho enrolado e enoooorme, tendo em conta o compartimento onde estava encafuado.
Mas essa figura na praia é muito feia, faz-me vir a correr para casa e, de agulha e pinça em riste, desatar a escavacar-me toda.
Amor com amor se paga
No fim de tudo:
renasci
arrumei gavetas
voltei a dançar
ganhei um restaurante espectacular que adoro
percebi que sou capaz
Tudo bem, saí a ganhar.
renasci
arrumei gavetas
voltei a dançar
ganhei um restaurante espectacular que adoro
percebi que sou capaz
Tudo bem, saí a ganhar.
terça-feira, 2 de junho de 2009
terça-feira, 26 de maio de 2009
Velhos
Eu até gosto de velhinhos. Mas de preferência em quantidades inferiores a 100. A sério, uma centena velhos é dose. Hoje contei 150.
Todos a precisarem de espaço para as pernas gordas e inchadas de varizes: menina, onde é o 54? Não temos esse lugar no avião, deixe-me ver o cartão de embarque. Ah, tenho a certeza que era o 54, agora não sei onde está isso. Acabou de o mostrar ali à porta, procure lá. E sim, lá estava o cartão no meio de 15 outros fora de prazo. Era o vinte seis: olhe, já passou, tem que voltar para trás. E assim os 150 velhinhos andam para trás e para a frente à procura dos lugares, uns por cima dos outros, a pisarem-se e a conversarem muito, a fingirem que não encontram para se sentarem onde lhes apetece. Surdos para tudo o que não lhes seja de feição.
Todos a caminho das casas de banho, muito devagar, a pararem em todos os lugares para falarem com outros velhos. Nós a tentarmos passar, a não conseguir porque os velhos são muito gordos e também não nos ouvem a pedir por favor, por favor, temos que passar.
Os 150 velhos a quererem interagir com o moderno sistema de entretenimento: a artrose em conflito com o 'touch screen'.
Um mínimo de 300 vezes a perguntar o que querem comer porque nenhum percebe à primeira - muito menos se não houver o que querem. Compensam com rapidez e gritos no momento mais aguardado: tinto!
Depois vem o café e as 150 chávenas querem à força ir a transbordar da bebida a ferver, apesar das mãos que as seguram tremerem tanto que fazem adivinhar o pior.
E por fim, o tremendo cheiro de 150 velhos a fazerem a digestão e a conviverem durante seis horinhas num espaço exíguo.
Sim, já sei, de castigo vou viver até aos cem anos, gulosa, surda, resmungona, insuportável e cega.
Todos a precisarem de espaço para as pernas gordas e inchadas de varizes: menina, onde é o 54? Não temos esse lugar no avião, deixe-me ver o cartão de embarque. Ah, tenho a certeza que era o 54, agora não sei onde está isso. Acabou de o mostrar ali à porta, procure lá. E sim, lá estava o cartão no meio de 15 outros fora de prazo. Era o vinte seis: olhe, já passou, tem que voltar para trás. E assim os 150 velhinhos andam para trás e para a frente à procura dos lugares, uns por cima dos outros, a pisarem-se e a conversarem muito, a fingirem que não encontram para se sentarem onde lhes apetece. Surdos para tudo o que não lhes seja de feição.
Todos a caminho das casas de banho, muito devagar, a pararem em todos os lugares para falarem com outros velhos. Nós a tentarmos passar, a não conseguir porque os velhos são muito gordos e também não nos ouvem a pedir por favor, por favor, temos que passar.
Os 150 velhos a quererem interagir com o moderno sistema de entretenimento: a artrose em conflito com o 'touch screen'.
Um mínimo de 300 vezes a perguntar o que querem comer porque nenhum percebe à primeira - muito menos se não houver o que querem. Compensam com rapidez e gritos no momento mais aguardado: tinto!
Depois vem o café e as 150 chávenas querem à força ir a transbordar da bebida a ferver, apesar das mãos que as seguram tremerem tanto que fazem adivinhar o pior.
E por fim, o tremendo cheiro de 150 velhos a fazerem a digestão e a conviverem durante seis horinhas num espaço exíguo.
Sim, já sei, de castigo vou viver até aos cem anos, gulosa, surda, resmungona, insuportável e cega.
sábado, 23 de maio de 2009
Que totó?
terça-feira, 19 de maio de 2009
A Difícil Arte de Ser Gajo
Ele é um cabelinho espetado, mas à régua: muito direito e num desalinho estudado.
A t-shirt colada ao tronco pequeno e a apertar os bracinhos curtos; as calças de fato de treino largas nas pernas que se adivinham de rã porque as mesmas calças são justas na cintura e no rabo. O suficiente para aquele ligeiro enfiamento pela nalga e formação uma* papinho na frente.
A coisa agrava-se se imaginarem tudo isto atarracado em 1,50m de pessoa. A minha maior dificuldade, além de não rir cada vez que ele se mexe é não o pisar porque nem distingo quando está sentado ou de pé.
Entra numa aula cheia de gajas que se juntam à terça-feira para dançar e onde ele onde é que se põe?
Muito macho, à frente de toda a gente, a dois passos do espelho, logo atrás do professor.
Erro crasso porque se a insignificância já era risível, à comparação da bomba dançante que é o nosso guru, torna-se quase digno de pena.
O quase é porque aquele 1,50m de pessoa acha-se o máximo. Caso contrário não abanava tanto os pequenos glúteos, rodando a pequena cintura de abelha e agitando muito os pequenos bracinhos curtos. Muito menos o faria com um risinho de prazer nos lábios e olhar matador para as colegas.
*deixei ficar esta gralha porque o que escrevi primeiro foi "pachachinha" em vez de papinho. Porque é o que parece, na verdade.
A t-shirt colada ao tronco pequeno e a apertar os bracinhos curtos; as calças de fato de treino largas nas pernas que se adivinham de rã porque as mesmas calças são justas na cintura e no rabo. O suficiente para aquele ligeiro enfiamento pela nalga e formação uma* papinho na frente.
A coisa agrava-se se imaginarem tudo isto atarracado em 1,50m de pessoa. A minha maior dificuldade, além de não rir cada vez que ele se mexe é não o pisar porque nem distingo quando está sentado ou de pé.
Entra numa aula cheia de gajas que se juntam à terça-feira para dançar e onde ele onde é que se põe?
Muito macho, à frente de toda a gente, a dois passos do espelho, logo atrás do professor.
Erro crasso porque se a insignificância já era risível, à comparação da bomba dançante que é o nosso guru, torna-se quase digno de pena.
O quase é porque aquele 1,50m de pessoa acha-se o máximo. Caso contrário não abanava tanto os pequenos glúteos, rodando a pequena cintura de abelha e agitando muito os pequenos bracinhos curtos. Muito menos o faria com um risinho de prazer nos lábios e olhar matador para as colegas.
*deixei ficar esta gralha porque o que escrevi primeiro foi "pachachinha" em vez de papinho. Porque é o que parece, na verdade.
sábado, 9 de maio de 2009
Estava em casa, irrequieta, incapaz de tudo, de ficar parada, incapaz de ir a um cinema e de ver pessoas, estranhos, outros. Incapaz de esperar, incapaz de desesperar e mandar tudo às urtigas. Estava já a ficar sem peles nos dedos de tanto roer e sangrar.
Num impulso saio de casa indiferente à chuva torrencial com a desculpa pouco credível de ter que comprar o jornal. Esse, novo, que me desperta a curiosidade pelo nome que às vezes uso: i.
E descubro o porquê da molha ter valido a pena. Porque há pessoas que me fazem sentir normal: o MEC. "Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? (..) O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende." in Nós 01 Românticos, pp3.
A desatar.
Num impulso saio de casa indiferente à chuva torrencial com a desculpa pouco credível de ter que comprar o jornal. Esse, novo, que me desperta a curiosidade pelo nome que às vezes uso: i.
E descubro o porquê da molha ter valido a pena. Porque há pessoas que me fazem sentir normal: o MEC. "Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? (..) O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende." in Nós 01 Românticos, pp3.
A desatar.
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Nós, mulheres.
Às compras.
Entramos na loja pela peça que nos chamou a atenção. Vemos a loja toda para não dar o braço a torcer àquele amor à primeira vista.
Pegamos nele, pode ser um vestido. Sentimos primeiro o toque para ver se o tecido nos agrada, ou se vai dar borboto ou se é uma dor de cabeça para passar a ferro. Nada disto nos vai demover a comprar o vestido, porque já estamos apaixonadas, mas é o reconhecer os seus eventuais defeitos para os perdoarmos de imediato ou qualidades que vão reforçar a ideia da compra.
Vamos experimentar. A demora é de pelo menos quarenta minutos porque analisamos de todos os ângulos e nas posições mais improváveis para ver se fica bem. Depois saímos da cabine e vemos no outro espelho que está mais longe e nos dá (tira!) a dimensão do nosso corpo. Só saímos de lá quando arranjamos pelo menos uma posição - em que nunca estamos na nossa vida normal porque ninguém fica parado de barriga encolhida e de perninha para o lado a vida toda - em que o trapo que nos assenta que nem uma luva.
Ou então acabámos de emagrecer 5kg, achamos que tudo fica maravilhoso e demoramos três minutos se chegarmos a experimentar. Aí compramos um "S" que nunca mais vai servir a não ser para assombrar o roupeiro o resto da vida.
Entramos na loja pela peça que nos chamou a atenção. Vemos a loja toda para não dar o braço a torcer àquele amor à primeira vista.
Pegamos nele, pode ser um vestido. Sentimos primeiro o toque para ver se o tecido nos agrada, ou se vai dar borboto ou se é uma dor de cabeça para passar a ferro. Nada disto nos vai demover a comprar o vestido, porque já estamos apaixonadas, mas é o reconhecer os seus eventuais defeitos para os perdoarmos de imediato ou qualidades que vão reforçar a ideia da compra.
Vamos experimentar. A demora é de pelo menos quarenta minutos porque analisamos de todos os ângulos e nas posições mais improváveis para ver se fica bem. Depois saímos da cabine e vemos no outro espelho que está mais longe e nos dá (tira!) a dimensão do nosso corpo. Só saímos de lá quando arranjamos pelo menos uma posição - em que nunca estamos na nossa vida normal porque ninguém fica parado de barriga encolhida e de perninha para o lado a vida toda - em que o trapo que nos assenta que nem uma luva.
Ou então acabámos de emagrecer 5kg, achamos que tudo fica maravilhoso e demoramos três minutos se chegarmos a experimentar. Aí compramos um "S" que nunca mais vai servir a não ser para assombrar o roupeiro o resto da vida.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
"cidade maravilhosa, mais um pouco pirigosa"*
AMO esta cidade de onde hoje vos escrevo.
Desde o primeiro dia em que assentei os pézinhos no Rio de Janeiro que trago o cheiro entranhado nas minhas melhores recordações.
Não vou sequer tentar esticar o meu fraco jeito para descrever este amor que, como qualquer um, é indescritível.
São as pessoas, o calor, a luz, a envolvência, o ritmo e o sotaque.
Nunca é suficiente, nunca me apetece ir embora, ficam sempre coisas por fazer, há sempre algo novo. Mesmo o imutável não pára de me deslumbrar.
*"Felipão", taxista carioca.
foto credits: Inês D.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Já não me lembrava como era isto de começar de novo. Perder a vontade de fazer coisas que não seja pensar e recordar, imaginar e sonhar. Deixar acumular insolente o trabalho e o corriqueiro porque desfrutar do assalto se tornou urgente e impossível de evitar.
A verdade é que não me apetecia nada, tenho tanta coisa para fazer. E tenho a vaga ideia de que eram coisas importantes. Devia ter anotado na agenda que não uso, mas que daria jeito nesta altura em que o discernimento me está a fugir.
Esqueço-me sempre desta minha capacidade infinita de me apaixonar. Talvez deva anotar algures.
Aqui parece-me bem.
A verdade é que não me apetecia nada, tenho tanta coisa para fazer. E tenho a vaga ideia de que eram coisas importantes. Devia ter anotado na agenda que não uso, mas que daria jeito nesta altura em que o discernimento me está a fugir.
Esqueço-me sempre desta minha capacidade infinita de me apaixonar. Talvez deva anotar algures.
Aqui parece-me bem.
terça-feira, 7 de abril de 2009
A religião do luxo e a cultura do gritinho.
Portanto temos o Jumbo, a Páscoa, a crise e a gula.
Resultado: quarenta metros quadrados de ovos da páscoa numa gritaria de papel brilhante e cores garridas, como se o chocolate, só por si, não fosse atractivo suficiente. Mania da piroseira.
Será que a ideia é fazer-nos gastar aquele dinheiro que temos no bolso, mas até parece mal perante a lamúria interminável da crise?
Ou fazer-nos acreditar que trazendo aquela pequena e histérica forma oval de chocolate é realmente importante para alguém?
Ok, eu lembro-me da festa que fazia na páscoa quando os meus avós competiam com as formas mais originais de esculturas em cacau - ganhou o meu avô com um burro de chocolate, que os meus pais apostaram que eu ia ter pena de comer, que durou 2 dias - mas uma secção inteira de um hipermercado?
Para quem já comeu um naco de chocolate numa feira ao ar livre cortado à mão por um alemão com pinta de talhante é a tentativa de eurodisney na feira popular da Costa de Caparica.
Sim, é de Caparica. Eu também acho pretensioso, mas é assim.
sexta-feira, 3 de abril de 2009
terça-feira, 31 de março de 2009
MPM JNB
A sensação, a leveza, o bem estar. Os muitos cheiros. Os sorrisos, a energia. Animais ao ar livre. As girafas a olharem para nós, curiosas, ciosas. Saudades. Surpresa. Olhares. África.
O pôr do sol.
Oh Isa podemos sair já?
Epá, façam como quiserem. Eu a mandar num terço da chafarica e a entornar ou a deixar cair cada coisa em que pego, demasiado distraída ou abstraída para pensar em acertar com o café na chávena do 31H.
Ah, ha, muito engraçada com postezinhos em forma de "private jokes". Não é, sou eu com excesso de alcool no sangue, pelo terceito (ou quarto? ;) dia consecutivo a dever uma noite à cama.
Não sei fazer, mas comprei caril porque adoro no camarão e no frango.
Ostras até cair pro lado. Aprendi hoje que tenho que as massajar antes de as comer. Por mim tudo bem, a textura nas mãos a antecipar a textura na língua e garganta.
O pôr do sol.
Oh Isa podemos sair já?
Epá, façam como quiserem. Eu a mandar num terço da chafarica e a entornar ou a deixar cair cada coisa em que pego, demasiado distraída ou abstraída para pensar em acertar com o café na chávena do 31H.
Ah, ha, muito engraçada com postezinhos em forma de "private jokes". Não é, sou eu com excesso de alcool no sangue, pelo terceito (ou quarto? ;) dia consecutivo a dever uma noite à cama.
Não sei fazer, mas comprei caril porque adoro no camarão e no frango.
Ostras até cair pro lado. Aprendi hoje que tenho que as massajar antes de as comer. Por mim tudo bem, a textura nas mãos a antecipar a textura na língua e garganta.
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
sábado, 24 de janeiro de 2009
Paragem para Nostalgia
Nunca recuperei do fim da minha relação com a Ginástica. No último dia nem sequer houve treino, estava toda a gente muito ocupada. Lembro-me de estar em cima do praticável onde tinha passado a maior parte do meu tempo livre nos últimos 10 anos a ver o filme todo como se não estivesse lá. A sentir que era o fim, com vontade de chorar ou desatar aos berros. Ou dar estalos àquela treinadora que não me deixava dizer "não consigo", mas estava ali à minha frente a desistir. Queria ter tido aquele treino. Não me pude despedir.
Iam deixando de aparecer, vocês, uma a uma. Nos últimos tempos era a mais velha na classe que sempre chamei "das grandes".
Chorava sempre em qualquer sarau nos anos seguintes àquele último dia. Tenho saudades do nervoso miudinho antes do saraus; da alegria quando a Mota chegava nos anos em que só vinha na última parte do treino porque já trabalhava, já sabíamos que era risota na certa e, mais ainda, se já lá estivesse a Elsa o treino tinha mesmo que parar: "Meninas, cheguem cá..."; os aquecimentos em que estávamos sozinhas, aquele passinho ridículo a fingir que corríamos: "vem aí a a Gina...".
Devo à Ginástica as melhores recordações, as melhores amigas, muito de mim.
Só não vos perdoo por termos acabado.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Desabafo
Mas porque raio de puta de razão o sacana do word só me faz correcções para português do Brasil? Por acaso estamos em terras de Vera Cruz ou já terá entrado a merda do acordo em vigor e ninguém de avisou? Ele é chapelinhos a corrigir os meus acentos graves, na arrogância directa do automático. Tipo que eu me enganei. Uma guerra do caraças para colocar o 'c' em acto, acção, etc. À força o gajo coloca, mas grita de desespero em forma de sublinhado vermelho.
Já não bastava ter-me metido a estudar no tempo deste acordo de Bolonha que nos faz bulir em casa aquilo que deixámos de bulir nas aulas e ter sempre mil trabalhos para fazer. E se quis ganhar tempo foi perder o amor aos meus muitos papelinhos rabiscados que sempre me acompanharam e passar logo a fazer rascunhos no computador.
Para ainda ter que aturar um word brasileiro.
Putice. Ou Putz. Que praguejar é coisa que não me incomoda fazer nos vários idiomas.
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Toda uma problemática.
Batom do cieiro faz sede?
Assim que acabo de pôr batom, tenho vontade de beber água.
Creme das mãos dá vontade de fazer xixi?
Sempre que ponho creme nas mãos, dá-me aquela vontade.
E tudo se passa numa sequência gira:
volto da casa de banho, torno a pôr creme nas mãos. Fecho o necessaire e vejo o batom do cieiro. Não consigo abrir a caixinha por causa das mãos besuntadas de creme.
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
chouriços
Entro na minha casa e cheira a chouriço assado. Muito.
Alguém em faça o grande favor de me inventar uma lenha sem cheiro.
Agora que já sei acender a lareira, descubro que não aguento o cheiro.
E também não me caíram pipis fritos pela chaminé abaixo. Podia jurar que tinha um ninho de pássaros lá dentro. Pena.
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